5dez 2022
06:30 UTC
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Interlíngua 50 anos depois

Este ano, a teoria da interlíngua completa 50 anos. A interlíngua (IL) é uma língua desenvolvida pelo aprendiz de uma segunda língua (L2)/língua estrangeira (LE) que preserva algumas características da sua primeira língua (L1)/língua materna (LM), características da língua alvo (L2/LE) e características próprias e únicas a ela mesma. Isso faz com que a interlíngua seja, de fato, um sistema comunicativo/uma língua (SELINKER, 1972; 1974; 1992). Assim, aprendizes de uma determinada língua (L2/LE) em um determinado nível de desenvolvimento podem compartilhar competências comunicativas e entendimento mútuo da mesma IL. As regras da IL são moldadas por diferentes fatores, incluindo transferência da L1/LM, estratégias prévias do aprendiz, estratégias de aquisição da L2/LE, estratégias comunicativas na L2/LE, generalização dos padrões da L2/LE etc. Uma IL pode também fossilizar, ou cessar seu desenvolvimento, em qualquer estágio de aprendizagem. Fossilização é o processo de ‘congelamento’ da transição entre L1/LM e L2/LE e é considerado o estágio final de desenvolvimento da IL. Nosso objetivo para essa pesquisa é, 50 anos após a publicação da teoria da interlíngua, (re)visitar essa teoria apresentando seu arcabouço teórico para mapeamento de parte da produção científica brasileira sobre os estudos da interlíngua.
Para tanto, faremos uma pesquisa documental com delineamento descritivo de análise de conteúdo (GIL, 2016; PAIVA, 2019). Temos interesse em pesquisas mais robustas, como as desenvolvidas em teses e dissertações, por isso serão consultados todos os repositórios de teses e dissertações das universidades públicas brasileiras federais e estaduais disponíveis na internet referentes ao material produzido nos últimos 50 anos localizado através das palavras-chaves da teoria da interlíngua: interlíngua, fossilização, backsliding, etc. em três idiomas diferentes — Português, Inglês e Espanhol — por serem as línguas mais utilizadas na produção científica nacional na área da Linguística. Os resultados esperados devem apontar para uma produção científica sobre a interlíngua ainda vigente mesmo após 50 anos de sua publicação com prevalência de pesquisas em determinadas regiões brasileiras.