5Dec 2021
00:00 UTC
#linguistweets
#abralin

Program

5Dec 2021 15:00 UTC Local time *

Comparative constructional idioms

Construction Grammar is a fruitful and innovative approach to the development of phraseological research. Given that constructional idioms underlie phraseological comparisons, the creative potential of the más-feo-que construction is analysed to uncover the cognitive mechanisms.

This study adopts the view that phraseological comparisons underlie constructional idioms, given that they can be considered partially lexically filled patterns, that is, form-meaning pairings endowed with a pragmatic meaning. Against this background, the [más feo que X] (‘very ugly’) construction is analyzed on the basis of the esTenTen18 corpus, which yields a total of 1,108 occurrences with the intensifying meaning. Under the assumption that Construction Grammar is a much more suitable approach for the study of semi-schematic constructions than traditional phraseology, this contribution aims to describe the five different senses that the construction can adopt, as well as to identify the conceptual fields of the slots that motivate its instances. Considering productivity and creativity as two sides of the same coin, the study determines whether Spanish speakers use more creative instances of the construction or lexicalized idioms, among which we focus on the highly entrenched [más feo que pegarle a un padre] micro-construction in order to analyze its productivity on the basis of its modifications and creative extensions attested in the corpus.

Phraseology and Construction Grammar have interests in common, which is not a novelty since the first cxn-based studies focused on idiomatic expressions that had been neglected in the phraseological tradition (see CONSTRIDIOMS https://t.co/2hJBgXrggC) #linguisttweets #TW1500 1/6 https://t.co/1LpLaPXSVS
5Dec 2021 15:15 UTC Local time *

Marcos metonímicos en textos de Wikipedia

Laura Ferrari (Universidad Nacional de General Sarmiento)

El objetivo de esta comunicación es analizar las expresiones metonímicas referidas a los conceptos “gobierno” y “estado” en un corpus constituido por las versiones en español y en inglés de artículos de Wikipedia sobre la guerra de Malvinas. La metonimia constituye una estrategia de impersonalización.

La metonimia es un recurso lingüístico y cognitivo por el cual se hace referencia, o en términos de la lingüística cognitiva se “provee acceso a” una entidad por medio de otra con la que está relacionada. Es una propiedad de nuestro sistema lingüístico y de nuestro aparato conceptual (Gibbs 1999). La metonimia posee una amplia variedad de funciones comunicativas, una de ellas es la de constituir un procedimiento sutil de evaluación de la realidad (Littlemore 2015).
El objetivo de esta comunicación es identificar y analizar las expresiones metonímicas referidas a los conceptos “gobierno” y “estado” en un corpus constituido por las versiones en español y en inglés de treinta y cuatro artículos de Wikipedia sobre conflictos internacionales relativamente recientes entre países americanos de habla española y países de habla inglesa. La metonimia no es solo un procedimiento referencial, sino que también constituye una estrategia de desagentivación e impersonalización.
Por ejemplo, en: La Cuestión de las islas Malvinas es la disputa que el Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte y la República Argentina sostienen por la soberanía de las islas Malvinas. En este fragmento Reino Unido de Gran Bretaña e Irlanda del Norte y República Argentina refieren a los gobiernos de estos países, es una metonimia cuyo marco conceptual es: “Lugar geográfico por gobierno de ese lugar geográfico”. En cambio, en The British claim to sovereignty dates from 1690, la mención al gobierno inglés se realiza a través de un adjetivo. Se trata también de una metonimia, en la que el lugar de origen se restringe notablemente a una relación atributiva.
Este trabajo forma parte de una investigación más amplia acerca de los procesos gramaticales en expresiones metonímicas y metafóricas, uno de cuyos supuestos es que existe una relación muy estrecha entre la estructura gramatical y el lenguaje figurado (Dancygier y Sweetser 2014). El lenguaje figurado no solo surge de elecciones léxicas, sino que atañe tanto al significado gramatical como al léxico. Las elecciones gramaticales se basan en mecanismos tales como la metonimia de marcos conceptuales que operan haciendo confluir marcos preexistentes para dar lugar a nuevas configuraciones. Una de las hipótesis de partida de esta comunicación es que la metonimia es un procedimiento cognitivo y discursivo que constituye un recurso argumentativo y focaliza aspectos semántico-pragmáticos diferenciados en los textos en español y en inglés.

¿Por q buscar #metáforas referidas al #coronavirus? Para Nerich organizan la manera de pensar la enfermedad. Ya Lakoff/Johnson señalaban q las metáforas son centrales en la representación d lo real. ¿Cómo se usan en la política argentina? #linguistweets #TW1515
5Dec 2021 15:45 UTC Local time *

Nos rastros do ordinário do sentido

Filipo Pires Figueira (IEL/UNICAMP)

Intitulado ‘no rastro do ordinário do sentido’, falarei do diálogo entre a Análise do Discurso, a análise da linguagem ordinária (Wittgenstein) e as artes de fazer (de Certeau). A hipótese da exposição é que esse diálogo aponta para a necessidade de se pensar um sujeito prático.

Neste trabalho, propõe-se traçar uma definição primária para o conceito de “ordinário do sentido”, proposto por Michel Pêcheux (O Discurso, 1983/2015) mas que não fora completamente desenvolvido devido à sua morte prematura. Assim, neste trabalho, o que se pretende é conjecturar como se poderia compreender o que é este “ordinário do sentido”. Para tal, em acordo com a sugestão do filósofo contra o celibato materialista e através de seus acenos à obra dos filósofos a seguir, segue-se explorando a “análise da linguagem ordinária”, conforme proposto por Ludwig Wittgenstein (Investigações Filosóficas, 1953/2014), e sua reinterpretação pós-estruturalista elaborada por Michel de Certeau (A Invenção do Cotidiano, 1980/1998) nas “artes de fazer”. Do primeiro autor, pretende-se aproveitar os efeitos do primado dos jogos de linguagem para se pensar uma política de língua anti-positivista assentada sob o (im)possível na linguagem; do segundo, a teoria política que preconiza a tensão sempre presente entre a razão técnica do poder e as múltiplas táticas de resistência. A hipótese inicial a ser defendida é que o “ordinário do sentido” não configura um “aspecto” do sentido ou uma forma de circulação, mas sim um (novo) paradigma ou ponto de vista para abordá-lo.

Em "O discurso: estrutura ou acontecimento" (1983), Michel Pêcheux propõe que a AD se coloque na escuta do "ordinário do sentido". O conceito, no entanto, não foi elaborado. Assim, gostaria de conjecturar o que poderia ser o ordinário do sentido (OdS). #linguistweets #TW1545
5Dec 2021 16:00 UTC Local time *

Carneiro Ribeiro: o horizonte de retrospecção de sua These

Jorge Viana de Morae (USP / UNESP)

Carneiro Ribeiro, médico, gramático, educador baiano, pouco conhecido pela sua These de Medicina (1864). Hoje estamos permeados por redes sociais e lutas identitárias, então é relevante falar de um homem negro do século XIX, de sucesso, numa sociedade escravista como foi a brasileira; racista e preconceituosa como é a de agora.

Ernesto Carneiro Ribeiro (1834-1920) foi um importante médico, gramático e educador baiano, sendo mais conhecido por essas suas duas últimas atividades. Pouco conhecida, no entanto, é sua These de Medicina, apresentada à douta banca da Faculdade de Medicina da Bahia no ano de 1864. Numa época como a nossa, altamente tecnológica, permeada por redes sociais e lutas identitárias, causa estranheza o interesse por um autor e pela sua obra, cujos reflexos são produtos do século XIX, que muitos poderiam reputar como ultrapassados. Essa estranheza, entretanto, dá lugar quando se trata de um autor, negro, que alcançou pleno sucesso e reconhecimento em uma sociedade escravista como era a nossa de então; e racista e preconceituosa como é a nossa de agora. Dá lugar mais ainda, quando tratamos dessas questões sob a perspectiva teórica da História das Ideias Linguísticas (Auroux 1992, 2006, 2008; Colombat, Fournier e Puech, 2017). Falar de Carneiro Ribeiro hoje é importante não só pelos motivos atrás referidos, mas também pelo teor de suas ideias médicas, filosóficas e gramaticais, havendo, segundo entendo, uma forte e necessária relação entre elas. Nesta exposição, meu objetivo é abordar as ideias encontradas na These de Medicina de Carneiro Ribeiro e analisar seu horizonte de retrospecção (Auroux 2006), que, conforme já pudemos observar, tem uma forte relação com a filosofia, uma vez que se trata de uma tese de medicina a um só tempo no fértil campo da psiquiatria e no, então, nascente campo da psicologia. Minha hipótese é que as ideias do Carneiro Ribeiro médico ajudaram a conformar as ideias do Carneiro Ribeiro gramático, e contribuíram para o desenvolvimento dos aspectos teórico e epistemológico da construção de sua futura obra gramatical: a Grammatica Portugueza Philosophica, publicada em 1881; atualmente, corpus de pesquisa de meu estágio pós-doutoral, que vem sendo realizado na Universidade de São Paulo.

#linguistweets# TW1600 Carneiro Ribeiro: o horizonte de retrospecção de sua These, por Jorge Viana de Moraes (USP/ UNESP de Assis)
5Dec 2021 16:15 UTC Local time *

Having a ‘migration background’ in German schools

Naomi Truan (University of Leipzig)

Co-author: Martina Oldani

On the basis of interviews with multilingual women aged 16-23 who speak German and Turkish, we show that because of their perceived ethnicity, the interviewees are viewed as ‘having an accent’ or ‘using non-standard German’ across contexts, no matter how they speak. 

On the basis of eight interviews of about one hour with multilingual women aged 16-23 who speak German and Turkish, we show how young women who are constructed as ‘with migration background’ partially align with, but also challenge teachers’ expectations regarding their use of German. Specifically, we show that because of their perceived ethnicity, the interviewees are viewed as ‘having an accent’ or ‘using non-standard German’ across contexts, especially at school. We propose that in order to value heteroglossic repertoires, a shift from the speakers to the addressees need to take place. In doing so, we argue that while giving students ‘with migration background’ the tools to navigate heteroglossic repertoires is still necessary, these speakers remain subjected to judgements on their ways of speaking, no matter how competent they are in standard German.

“I would really like to speak a little more like a German”—weird way to refer to your way of speaking if you’re already German, isn’t it? Well, for the German-Turkish women aged 16-23 we interviewed in Berlin-Kreuzberg, it is, in fact, quite usual. ⬇️ #linguistweets #TW1615 https://t.co/emOv3tyFc5
5Dec 2021 16:30 UTC Local time *

Uma breve apresentação da ‘topzera’ da morfologia

Karen Motta (UFRJ)

Há recentes formações na língua portuguesa com a palavra ‘top’, inclusive ‘topzera’. Proponho, então, uma revisão sobre aspectos morfopragmáticos da palavra ‘topzera’, que surgiu nos dedos dos brasileiros no Twitter, e sobre o estatuto de –zera.

Há recentes formações na língua portuguesa com a palavra ‘top’. Assim, palavras são criadas a todo momento como formas derivadas dessa raiz. Proponho, então, uma revisão sobre aspectos morfopragmáticos da palavra ‘topzera’, que surgiu nos dedos dos brasileiros nesta rede social.

Aprendemos na escola que um "pedaço" de palavra adicionado depois de um radical ou base ou palavra é considerado um sufixo. Mas isso também acontece com -zera, de topzera? Será que -zera pode ser considerado um sufixo? Acompanhe a sequência: #linguistweets #abralin #TW1630
5Dec 2021 16:45 UTC Local time *

Classes de conjugação verbal em Panará (Jê)

Na língua panará (família jê, Brasil) o verbo polissintético reflete informação sobre vários elementos relevantes na oração e no contexto comunicativo. Entre outros elementos, a frase panará recolhe informação de participantes, modo, e tipo de oração, além de outras categorias como direcionais, iterativos ou negação.

Na língua panará (família jê, Brasil) o verbo polissintético reflete informação sobre vários elementos relevantes na oração e no contexto comunicativo. Esta apresentação propõe a existência de diferentes classes verbais baseadas na morfologia de flexão verbal e no paradigma de clíticos absolutivos.

Classes de conjugação verbal em panará (jê) Bernat Bardagil, pesquisador da @ugent #linguistweets #TW1645 Na língua panará (familia jê, Brasil) o verbo polissintético reflete informação sobre vários elementos na oração e no contexto comunicativo. https://t.co/0atg4C59SU
5Dec 2021 17:00 UTC Local time *

DOESTE: corpora para a investigação de escrita escolar

Mário Martins (UFERSA)

Co-author: Mafalda Mendes (CELGA-ILTEC (UC))

DOESTE é um repositório de textos escritos por alunos em contexto de salas de aula do Brasil e de Portugal, disponibilizado na plataforma TEITOK. Conta com aproximadamente 90k palavras, tokenizadas, lematizadas e anotadas morfologicamente. Destina-se a estudos na área do desenvolvimento linguístico.

Corpora desenvolvimentais são coleções de textos, mono ou multimodais, produzidos por falantes/escritores em processo de desenvolvimento de sua primeira língua. Nessa definição, enquadra-se o DOESTE, um repositório de corpora de textos escritos por crianças e adolescentes em contexto regular de salas de aula do Brasil e de Portugal. Quanto ao português do Brasil, têm-se produções de 5° e 9° anos do Ensino Fundamental e 3° do Ensino Médio do sistema educacional, coletados em escolas públicas de cidades do Meio Oeste Potiguar. Quanto ao português europeu, há produções do 5° e 7° anos do Ensino Básico e 10° ano do Ensino Secundário do sistema educacional de Portugal, coletados em escolas públicas da cidade de Lisboa. Todos os textos foram produzidos pelos participantes sempre a partir das mesmas tarefas de escrita. Para a edição dos corpora e respectiva disponibilização online, utiliza-se a plataforma TEITOK, uma plataforma baseada na web que permite a aplicação de distintos níveis de marcação textual e anotação linguística. A partir de recursos da plataforma TEITOK, o DOESTE traz detalhado fornecimento de metadados, fundamentados no sistema de marcação TEI P5. Na sua fase atual, o DOESTE conta com aproximadamente 90k palavras, tokenizadas, lematizadas e anotadas com informação morfológica. A seção brasileira traz ainda o recurso de visualização dos manuscritos, com formas originais e normalizadas. O DOESTE pauta-se pelo robusto sistema de consulta CQP, que permite a visualização, individual ou combinada, de formas originais, de formas normalizadas, de classes de palavras e de lemas, o que se pode combinar ainda com a consulta por metadados. Para a coleta de textos que constituem o DOESTE, solicitou-se autorização, no Brasil, do Comitê de Ética em Pesquisa (parecer 2.716.871), e, em Portugal, à Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (inquérito 0260700001), tendo sido, em ambos os contextos, aprovada sem óbices éticos de qualquer natureza. A existência de corpora desenvolvimentais, como os que se apresentam no DOESTE, contribui para o fortalecimento da área de investigação do desenvolvimento linguístico em idade escolar, que tem implicações diretas no ensino de línguas, já que se considera que o desenvolvimento não é apenas uma trajetória de acúmulo de novas expressões linguísticas, mas sim um movimento de constante reorganização da língua, em que formas já conhecidas ganham novas funções de uso e, concomitantemente, funções já compreendidas passam a realizar-se com novas formas.

É óbvio que a língua escrita de crianças e adolescentes se modifica ao longo da escolaridade. Mas como se modifica? Que recursos linguísticos os alunos exploram na escrita? 𝐃𝐎𝐄𝐒𝐓𝐄, um corpus especializado em escrita escolar, responde. #linguistweets #TW1700 https://t.co/xYKHVM9GVw
5Dec 2021 17:15 UTC Local time *

Challenges and solutions for the use of tweets in linguistic research

Pedro Giovani (UFRJ)

Co-author: Mariana, Gonçalves da Costa (UFRJ)

Several linguists defend the importance of online data in sociolinguistics, however, language circulates differently in the online and offline world. Thus, we’ll discuss issues of working with unstable and untraditional corpora as well as possible solutions and considerations.

Twitter is a space for online dialogue already established among the most popular social media in the world, comprising a large source of authentic data. However, many linguists feel hesitant in incorporating online data in linguistic research since online sources tend to be volatile, unpredictable, and are hardly compatible with traditional methods of analysis. Thus, in this presentation, we seek to report our experience with the software R combined with the Twitter platform in order to map the challenges and benefits faced throughout this journey. We will take into consideration the challenges of working with an unstable and untraditional corpus as well as the difficulties encountered in automatic data gathering. Many linguists, such as Blommaert (2018), have already advocated for the importance of contemplating online data in sociolinguistics as the barriers between the online-offline nexus are narrowing every day. Another important argument defended by Blommaert is the importance of investigating this type of data taking into account its specific characteristics. The way language and communities circulate in the online world is not always parallel to their circulation in the offline world. Acknowledging and reporting these differences is essential to fully understand the role of language in each context. In order to do so, we must establish a dialogue between the different faculties to guarantee a collective construction of knowledge and research development. This presentation is a collaboration between students from the Faculty of Computer Science and students from the Faculty of Letters at the Universidade Federal do Rio de Janeiro.

In this thread, @Mariana_gcosta and I will discuss our experience with the software R on the task of automatically gathering data from Twitter. Which kind of challenges may be faced on this job? #linguistweets #TW1715 #ProjetoPredicar
5Dec 2021 17:30 UTC Local time *

A cena genérica como embreante paratópico

Analisei as cartas privadas trocadas entre Mário e Drummond a partir do viés da Análise do Discurso Literário (MAINGUENEAU, 2012). Os resultados foram: i) tais cartas funcionam como uma cena genérica; e ii) tais cartas também funcionam como um embreante paratópico.

Apresento os resultados alcançados em minha tese de doutorado. Analisei as cartas privadas trocadas entre Mário de Andrade (MA) e Carlos Drummond de Andrade (CDA) no período de 1924 e 1930. As hipóteses centrais da tese foram duas: i) as cartas privadas trocadas entre MA e CDA funcionam como um gênero do discurso (cena genérica) e não como um hipergênero, conforme postula Maingueneau no livro Discurso Literário (2012); e ii) essas cartas privadas, enquanto uma cena genérica (um gênero do discurso), funcionam também como um embreante paratópico. Com base nessas hipóteses, meus objetivos foram: i) analisar como se dá o imbricamento das três instâncias constitutivas do funcionamento da autoria (a pessoa; o escritor; e o inscritor) nas cartas trocadas entre MA e CDA; ii) analisar a constituição da paratopia criadora de MA e de CDA na produção epistolar engendrada entre eles; e iii) analisar as cenografias construídas nas/pelas cartas privadas. Em relação à metodologia de pesquisa, assumi àquela da Análise do Discurso de linha francesa, além de assumir também que o imbricamento entre texto e contexto, ou melhor, entre discurso e condições de produção é radical. Os resultados da pesquisa foram: i) tais cartas privadas, enquanto uma prática discursiva engendrada por dois autores consagrados do campo literário brasileiro, funcionam como um gênero do discurso, por apresentarem, além de outros fatores, o texto como forma de gestão do seu contexto; e ii) tais cartas privadas, enquanto uma cena genérica (um gênero do discurso), também funcionam como um embreante paratópico, pois elas operam, ao mesmo tempo, com as questões linguísticas, históricas e paratópicas dos autores. Nesse sentido, as cartas privadas trocadas entre MA e CDA funcionam enquanto uma instituição de fala do posicionamento modernista brasileiro, que garante as identidades criadoras de MA e CDA, bem como regula todas as suas produções literárias (dos espaços canônico e associado). Essas cartas privadas funcionam, assim, como embreantes paratópicos, pois estão para além da ideia de carta íntima. Além disso, essas cartas privadas funcionam como um embreante paratópico na medida que instauram um posicionamento e gerem a relação entre os integrantes da comunidade discursiva. Nessa perspectiva, tais cartas não se restringem a suas rotinas genéricas, pois, ao mesmo tempo em que MA e CDA falam de si, falam também do grupo dos modernistas brasileiros. A partir dos resultados da minha tese e enquanto encaminhamento de novas pesquisas, propus também, em uma pesquisa de pós-doutorado, investigar se é possível ou não consolidar a cena genérica como um quarto embreante paratópico possível, juntamente com a cenografia, o ethos e o posicionamento na interlíngua. Para isso, estendi as análises e o corpus, abrangendo, assim, todos os discursos constituintes considerados por Maingueneau (2012), não me limitando apenas ao discurso literário, considerando também os discursos religioso, científico e filosófico.

Segundo Maingueneau (2012), as cartas (de modo geral) funcionam como hipergêneros (restrições sócio-históricas fracas). Porém, eu lhes pergunto: se essas cartas forem de autores consagrados do campo literário, não funcionariam como gêneros do discurso? #linguistweets #TW1730
5Dec 2021 17:45 UTC Local time *

Dialogando, desnormatizando e (re)existindo em espaços superdiversos: a escrita indígena em contexto universitário

Shelton Souza (UFAC)

Analisou-se a produção escrita, em português, de indígenas universitários que estão tentando produzir conhecimento escrito em um contexto não indígena. Os primeiros resultados mostram que os estudantes promovem relações entre conhecimentos tradicionais e conhecimentos produzidos nos espaços acadêmicos.

Ao longo do tempo, sobretudo após o contato com as sociedades europeias, os povos indígenas brasileiros vêm adquirindo formas de produzir diálogos com grupos sociais, historicamente, tidos como colonizadores e, portanto, impositores de traços sócio-linguístico-culturais. Apesar de todos os problemas enfrentados por diferentes grupos sociais/étnicos excluídos e, consequentemente, minorizados, advindo do contato assimétrico permeado por relações de poder, os povos tradicionais estão sendo sujeitos partícipes dos ambientes universitários, resultante das lutas de movimentos sociais da causa indígena; nesse sentido, a academia começou a abrir seus espaços, embora com forte resistência de grupos academicamente dominantes, para novas propostas de saberes e para diferentes epistemologias, sobretudo, as que não são de base europeia. Nesse sentido, esta comunicação se configura como um espaço de divulgação dos primeiros resultados advindos da análise de textos escritos/produzidos por indígenas universitários, pós-graduandos em um Programa de Pós-graduação de uma universidade pública brasileira. Trata-se de uma pesquisa de base qualitativa-interpretativista e, fundamentalmente, desconstrutivista que, a partir da perspectiva derridadiana de escritura e de estruturalidade (DERRIDA, 1967, 1973), de processos de inter-relação social por meio de perspectivas interculturais críticas e, portanto, decoloniais (WALSH, 2003, 2007, 2008, 2009, 2010) e de como pesquisadores indígenas discutem a produção escrita por sujeitos indígenas (PESCA; FERNANDES; KAYAPÓ, 2020, KAYAPÓ, 2020), analisaram-se a produção escrita, em português, por indígenas que estão tentando produzir conhecimento escrito em um contexto não indígena, e, sobretudo, solidamente demarcado por estruturas específicas de poder. Os primeiros resultados mostram que, a princípio, a partir de uma postura de não aceitação de modelos de construção textual acadêmica, que refletiam posturas coloniais da ciência de base positivista, os estudantes universitários mostram possibilidades de externalização de reflexões sobre seus mundos, seus povos, seus saberes por meio de um diálogo entre saberes tradicionais, que remontam às suas ancestralidades, e a produção científica europeizante produzida nas universidades brasileiras.

Como a universidade, sobretudo os Programas de pós-graduação, vem estabelecendo diálogo entre a escrita indígena e a escrita acadêmica? Há muitas divergências? #linguistweets #TW1745 #escritaindígena #plurilinguismo #indígenaspósgraduandos