5dez 2022
06:30 UTC
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A desqualificação do outro na ciberviolência em interações no Twitter.

Vamos relacionar as marcas de textualidade (CAVALCANTE e BRITO, 2019, 2018), (CAVALCANTE et al, 2020) e a desqualificação do outro (AMOSSY, 2019), dentro de um corpus específico do ambiente digital, a fim de relacionar as reflexões às características próprias do tecnodiscurso. Paveau (2017) propõe uma integração entre o “tecno” e o “discurso” entendendo os dois sistemas como simbióticos na produção tecnodiscursiva. Nosso objetivo é analisar a desqualificação do outro através da textualidade dos acontecimentos discursivos morais desencadeados por enunciados violentos, denominados por Paveau (2017) como ciberviolência. Para dar estofo teórico à análise da violência e desqualificação do outro, elegemos os pressupostos de argumentação de Amossy (2017) e Duarte (2021), Fiorin (2015). Para mostrar como se desenvolve a ciberviolência no ambiente tecnolinguageiro, selecionamos 02 interações que envolveram a modalidade argumentativa polêmica, ambientadas no Twitter @Gleisi. Essa escolha se deu pelo engajamento dos usuários nas postagens políticas da deputada federal, Gleisi Hoffmman. Além dos parâmetros técnicos (Paveau,2017), da constituição do próprio ambiente tecnológico, que caracteriza o conjunto de fenômenos agressivos sob o viés dos tecnodiscursos, como o ciberassédio, a ciberdiscussão e o ciberbullying, será igualmente considerada a dimensão de textualidade, atentando para a referenciação e a intertextualidade como marcas de estratégias para a desqualificação do outro. Mostramos que as competências linguageiras e os textos produzidos pelos internautas a partir da ecologia tecnodiscursiva, estão integrados em um dispositivo comum baseado em uma materialidade única, porém compósita, o ambiente tecnodiscursivo com foco nas incidências repetidas de ciberviolência envolvendo comentários insultuosos e desqualificando a pessoa, marcadas através de uma rede referencial e intertextual.