5dez 2022
06:30 UTC
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Autoavaliação e autonomia no ensino remoto de PLE

Diante da conjuntura de pandemia no ano de 2020, várias atividades sociais passaram por adaptações, e a educação, nos seus diversos níveis de ensino, foi uma das áreas mais atingidas. O objetivo deste trabalho foi descrever os desafios enfrentados durante a transposição, de um curso de extensão de Português Língua Estrangeira (PLE), do ensino presencial para o remoto. Diante desse novo contexto, repensar o processo de ensino-aprendizagem de línguas tornou-se compulsório, tanto para a equipe docente quanto para os alunos. Desse modo, este trabalho refletiu sobre i) os papéis de professores e alunos na modalidade remota de ensino; ii) a importância redobrada da autonomia da aprendizagem nesse contexto; iii) a autoavaliação como caminho para favorecer o desenvolvimento dessa autonomia; e iv) a possível interferência das emoções no ensino-aprendizagem de línguas. Sendo de natureza qualitativa, esta pesquisa baseou-se nos pressupostos metodológicos da pesquisa-ação. Buscamos compreender melhor os impactos do momento pandêmico no ensino por meio de nossa observação-participante e reflexão constante, considerando, também, a visão dos alunos sobre o desenvolvimento do curso. Para tanto, foram analisadas as atividades desenvolvidas em plataformas digitais, como as autoavaliações, nas quais os alunos refletiram sobre seus processos de aprendizagem, por meio de narrativas orais e escritas. Como base teórica, utilizamos, principalmente, os conceitos de avaliação formativa, entendendo a função da avaliação no ensino como um processo, o qual foca no desenvolvimento das habilidades do aluno (BROWN, 2006), não pretendendo apenas a definição de uma nota escolar (LUCKESI, 2014); autoavaliação, considerando esse processo como uma etapa voluntária e consciente por parte do aluno para aprimorar o seu aprendizado (RÉGNIER, 2002); e autonomia, compreendendo que o protagonismo do aluno na aprendizagem é fundamental para que este processo seja efetivo (HENRI HOLEC, 1981). A partir da análise dos dados, percebemos que houve mudança no papel do professor, que deixou de ser visto como protagonista no processo de ensino-aprendizagem, e do aluno, que passou a ser mais agentivo, desenvolvendo sua autonomia. Sob uma perspectiva comparativa, alguns alunos relataram como um aspecto desfavorável, no ensino remoto, a diminuição da interação entre eles e a falta do “olho no olho” que acontece no contato presencial. Todavia, notamos que os estudantes colaboradores desta pesquisa se mostraram, em sua maioria, adaptados ao novo modelo de ensino, relatando não terem tido grandes dificuldades em lidar com as plataformas utilizadas. Desse modo, podemos afirmar que os desafios aqui analisados _ a avaliação formativa, a autoavaliação e o desenvolvimento da autonomia de alunos e professores _ alguns já emergentes no presencial, tornaram-se aprendizados no remoto e, com certeza, serão considerados, de forma mais consistente, quando o curso for novamente ofertado na modalidade presencial.