5dez 2022
06:30 UTC
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O contato linguístico entre o português e o nheengatu

Esta pesquisa de mestrado, cujo projeto acaba de ser publicado pela revista Cadernos de Linguística, pretende investigar os efeitos do contato linguístico entre o nheengatu, língua indígena da família Tupi-Guarani, e o português brasileiro falado na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM). Com base na teoria da evolução linguística, da ecologia do contato e da seleção e competição de traços desenvolvida por Mufwene (2001, 2008) e da coleta de dados por meio de trabalho de campo, a intenção é identificar mudanças nas estruturas morfossintáticas do Português L1 ou L2 falado pelos habitantes da região, bilíngues em português e nheengatu. Versão moderna da língua geral amazônica, o nheengatu foi a língua franca e majoritária da província do Amazonas até o final do século XIX, sendo amplamente utilizado por todos os membros do sistema colonial. Hoje, é restrito a algumas comunidades amazônicas – como as da região de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro – e falado principalmente pelos povos Baré, Baniwa e Warekena, em substituição ou junto às suas línguas tradicionais. A atual situação de contato entre o nheengatu e o português e a ecologia multilíngue da região de São Gabriel não se dissociam da história de formação, expansão e retração da língua geral amazônica durante a colonização do Brasil – motivo pelo qual também propomos, além da análise linguística per se dos dados sincrônicos, lançar um olhar para essa história.