5dez 2022
06:30 UTC
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PEDAGOGIA DA REBELDIA E O ENLEITURAMENTO

Esse modo de ver a leitura e a práxis pedagógica, a qual estamos chamando de rebelde, tensiona tratar quem lê como sujeito e a leitura como interação, provocando a autonomia pregada por Freire, considerando que a leitura é o caminho privilegiado da formação cidadã. Para o alcance de tal situação, a leitura precisa ser pensada para além da decodificação, ou seja, o conhecimento das letras, da relação sonora que estabelecem para reproduzir palavras. É preciso, então, tratar a leitura como forma de apreensão do mundo, no entanto, essa interação necessita de uma mediação intencional, que podemos chamar de enleituramento, em que se emprega pequeno esforço na decifração e que supõe um leitor crítico e texto otimizado, pois engloba questões linguístico-gramaticais perceptíveis na materialidade do texto escrito e que geram ampliação de atribuições de sentidos aos textos e intertextualidades ampliadas. Tal concepção é baseada nas afirmações de Bakhtin sobre a língua e sua natureza social, portanto, ideológica, não existindo fora do contexto social, produto da interação de indivíduos socialmente organizados, pois qualquer enunciado sobre um objeto relaciona-se com enunciados anteriores produzidos sobre esse mesmo objeto. Considerando que todo discurso é fundamentalmente diálogo, defende-se, neste texto, que uma Pedagogia da Rebeldia seja capaz de dar conta do processo de enleituramento do indivíduo que aprende, fomentando as características que lhe dão ancoragem. Toda essa discussão se ancora em pesquisa realizada em estudos de doutoramento e refletem na elaboração do livro Pedagogia da Rebeldia e o Enleituramento.